Pesquisador científico de destaque, foi como voluntário que ele conquistou o coração da humanidade
Há tanto para ser dito. Mas o dicionário parece não ter palavras capazes de expressar o valor de uma pessoa. A lágrima contida da esposa e o olhar do amigo vagando em busca de significados revelam o tamanho da saudade que Mauro Sakai deixou. O sorriso tímido e o jeito reservado faziam dele um homem simples e escondiam por muitas vezes o profissional de destaque na área científica.
Agrônomo, pesquisador com doutorado em Fitotecnia, Mauro Sakai era funcionário do Polo Regional da Agência Paulista de Desenvolvimento Sustentável dos Agronegócios do Vale do Ribeira (APTA) desde 1976 – ano em que se mudou para Registro. A partir de 2002, passou a desempenhar as funções de diretor de pesquisa e pesquisador científico da APTA, onde se dedicou principalmente aos temas adubação e nutrição do chazeiro, melhoramento em arroz Moti, tratos culturais em plantas alimentícias básicas e no manejo de cultura de plantas ornamentais. Publicou diversos trabalhos em revistas científicas e em congressos relacionados com suas linhas de pesquisa.
Mas a atuação de Mauro Sakai foi muito além da pesquisa científica. “O dia dele parecia ter 50 horas. O Mauro foi a pessoa mais dinâmica que conheci, não sei como dava conta de tantas atividades”, lembra o amigo Akira Hanawa. Os dois se conheceram na Associação Registrense de Judô (Arju) quando os fi lhos, ainda pequenos, começaram a praticar o esporte. Apesar de nunca ter pisado em um tatami para lutar, Sakai dedicou boa parte da vida para incentivar o judô. Delegado da Federação Paulista de Judô do Vale do Ribeira e tesoureiro da Arju por 14 anos, ele viajava constantemente com os atletas para competições fora do município e coordenou a realização de muitos campeonatos regionais, inter-regionais e estaduais em Registro. Ainda na área esportiva, Mauro Sakai ocupou diversos cargos na diretoria do RBBC, inclusive a presidência.
O trabalho voluntário se estendia também ao setor social. Integrou a diretoria do Lions Clube de Registro, da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Registro (Bunkyo) e a comissão organizadora da Expovale – sempre muito atuante e dedicado.
Nascido em Pindamonhangaba no dia 3 de junho de 1950, Mauro passou no concurso da APTA dois anos depois de se formar em Agronomia. Foi ali, na antiga Cedaval, que ele conheceu a esposa Neide Mitiko Nakamura Sakai, que trabalhava no setor administrativo. Por nove meses, o namoro se resumiu a trocas de cartas, já que ele teve de fazer estágio no Japão. O casamento foi realizado em janeiro de 1978 e logo vieram os filhos: Rogério, Rodrigo e Ronaldo.
Todos frequentaram as aulas de judô até entrarem para a faculdade. Rogério e Ronaldo hoje são agrônomos e Rodrigo se realiza como professor de judô, especialmente por tornar realidade um antigo sonho do pai. Idealizado por Mauro Sakai, o projeto de inclusão social que passou a levar seu nome atende dezenas de crianças na escolinha de judô desde 2012. A intenção é estender o projeto, realizado somente no Bairro Bloco B, para outros bairros da cidade.
Além do ideal de utilizar o esporte para formar cidadãos comprometidos com a sociedade, Mauro Sakai deixou exemplo de humildade, dinamismo e caráter. Sua partida tão repentina após um acidente de carro na noite de 8 de novembro de 2010 deixou em profunda tristeza todos que o conheceram.
Engenheiro agrônomo, delegado regional, presidente da ARJU ou simplesmente o tio Mauro dos alunos de judô, Mauro Sakai realmente não cabe em palavras, somente no coração. |